Carta de Afastamento do Nosso Vice Presidente.

Santos, 2008.


Digníssimos associados, associadas, eminentes e atuais diretores, tenho a imensa insatisfação de comunicar, através desta modesta carta, o meu afastamento das atividades relacionadas ao cargo de vice-presidente da APROGPORT.

Desculpem-me a impropriedade do momento, de muita tristeza e até revolta, para solicitar aos meus companheiros de luta, pelo reconhecimento da corporação, a minha saída. Não obstante, de cabeça erguida, sem reconhecer derrota, neste trecho da caminhada da minha vida. É sabida as circunstâncias que resultaram na minha demissão, sendo esta relembrada a todos, sem justa causa. Sinceramente, tenho a esperança de que, quando se aplica uma pena por algum delito ou falta cometida, ela seja exemplar. Não que nossa indignação se nutra no desejo de vingança. Talvez, banir o espírito de vingança, mesmo no judiciário, seja o árduo caminho de auto-superação que uma sociedade pode enceitar. Nessa linha, vale ressaltar um texto de Nielzsche: “O último terreno conquistado pelo espírito é o terreno do sentimento reativo! Quando ocorre de verdade, que o homem justo, seja justo, inclusive com quem o prejudicou (e não apenas frio, comedido, estranho, indiferente: ser justo é sempre um comportamento positivo) quando a elevada, clara, profunda e suave objetividade do olho justo, do olho julgador não se turva nem sequer sob o assalto de lesões, escárnios, imputações pessoais, isto constitui uma obra de perfeição e de suprema maestria sobre a Terra.”

A minha demissão não ocorreu por uma tênue ameaça de lesão ao patrimônio público, todavia pela ameaça ao interesse próprio. Infelizmente isto acontece nas camadas desassistidas pelo Poder Público. Na verdade, considerando a venda nos olhos da Administração Pública, a categoria da qual tive a honra de integrar vêm regredindo à época do feudalismo, sendo subdividida em grupos e encabeçados pelos respectivos senhorios. A minha passagem pela Guarda Portuária edificou-me como homem, fui homenageado e injustamente sacrificado. Este paradoxo traz à tona a realidade deste ambiente, no qual o ócio é bem quisto. È preciso sabedoria para viver em meio à uma categoria tão benemérita, mas isso adquirirei com o tempo. Local onde muitos querem provar suas capacidades, entretanto são prejudicados pela pequena parcela que não quer evoluir e temem pela evolução alheia.

Assim sendo, ratifico meu pedido de afastamento tendo em vista a constância dos fatos e reitero a continuidade dos meus nobres colegas na árdua batalha pela fortificação da corporação, pois esta, simplesmente pelo nome, merece ser idolatrada pela sociedade.


Thobias Paraguai.

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